"Quando um homem entra na água até aos joelhos, ou até à cintura, pode ver a água em torno de si. Em contrapartida, se mergulhar na água, deixará de poder discernir algo de fora; tudo o que sabe é que todo o seu corpo se encontra na água. Isto é o que sucede àqueles que se deixam imbuir no olhar de Deus."
Simão, monge poeta (949/1022), citado por Peter Sloterdijk
A metáfora é intuitiva. É certo que ninguém sabe o que é estar imerso no olhar de Deus, mas a ideia funciona se aceitarmos que, tal como do elemento líquido, nos podemos dele rodear inteiramente, a ponto de não vermos mais nada e termos apenas o conhecimento do nosso corpo.
Fuga do mundo ou regresso ao elemento amniótico, Sloterdijk vai mais longe e diz que era preciso recorrer a uma psicopatologia da espiritualidade para distinguir o impulso místico do masoquismo ou da vontade de suicídio.
E isto já é, evidentemente, uma "censura". Basta que nos transportemos, por exemplo, para a Índia, para o activismo da nossa fuga do mundo parecer, por sua vez, patológico.
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