Auguste Comte |
"O filósofo francês Comte, replicou calmamente o
professor Lindner, comia de bom-grado depois da refeição, em vez da sobremesa, e
até sem qualquer razão particular, um pedaço de pão seco: simplesmente
para pensar em todos os que nem sequer têm pão seco. É uma bela ideia
que nos lembra que 'todo' o exercício de temperança e de frugalidade
comporta uma profunda significação social!"
"O Homem Sem Qualidades". (Robert Musil)
O exercício de solidariedade que o professor Lindner atribui a Comte pode não mudar o mundo no mínimo que seja, mas certamente contribui para robustecer o moral daquele que o pratica, com o espírito devido.
Costuma-se dizer que "de presunção e água benta cada qual toma a que quer". Cada um é livre de escolher a via mais adequada para a sua "salvação", isto é, para estar à altura da alma que no "Livro dos Mortos" do Antigo Egipto pode, pelo menos, alegar, em sua defesa, não ter cometido as injustiças mais graves sobre o próximo.
Mas se Lindner pode ser tratado com alguma ironia, outros casos há de "compaixão" (não há melhor palavra), chegando ao auto-aniquilamento, que nos deixam sem saber o que pensar, pois são, aparentemente, tão inúteis para os "primeiros interessados" que nos temos de perguntar se não servirão esses, em vez disso, como os "passos" duma cruz que não é a deles.
O caso que tenho em mente é o de Simone Weil e esta é a única objecção à santidade, no sentido mais universal.
1 comentários:
A santidade vista do avesso.
Maria Helena
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