sábado, 12 de maio de 2012

SANTIDADE


Auguste Comte




"O filósofo francês Comte, replicou calmamente o professor Lindner, comia de bom-grado depois da refeição, em vez da sobremesa, e até sem qualquer razão particular, um pedaço de pão seco: simplesmente para pensar em todos os que nem sequer têm pão seco. É uma bela ideia que nos lembra que 'todo' o exercício de temperança e de frugalidade comporta uma profunda significação social!"


"O Homem Sem Qualidades". (Robert Musil)




O exercício de solidariedade que o professor Lindner atribui a Comte pode não mudar o mundo no mínimo que seja, mas certamente contribui para robustecer o moral daquele que o pratica, com o espírito devido.

Costuma-se dizer que "de presunção e água benta cada qual toma a que quer". Cada um é livre de escolher a via mais adequada para a sua "salvação", isto é, para estar à altura da alma que no "Livro dos Mortos" do Antigo Egipto pode, pelo menos, alegar, em sua defesa, não ter cometido as injustiças mais graves sobre o próximo.

Mas se Lindner pode ser tratado com alguma ironia, outros casos há de "compaixão" (não há melhor palavra), chegando ao auto-aniquilamento, que nos deixam sem saber o que pensar, pois são, aparentemente, tão inúteis para os "primeiros interessados" que nos temos de perguntar se não servirão esses, em vez disso, como os "passos" duma cruz que não é a deles.

O caso que tenho em mente é o de Simone Weil e esta é a única objecção à santidade, no sentido mais universal.

1 comentários:

Anónimo disse...

A santidade vista do avesso.

Maria Helena