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"(...) o que há de deplorável nas teorias modernas
do comportamento não é que sejam falsas, é que se podem tornar verdadeiras, é
que são, de facto, a melhor conceptualuzação possível de certas tendências
evidentes da sociedade moderna."
(Hannah Arendt)
Se se pudesse governar por sondagem instantânea (e
estamos perto disso, com o 'Facebook', por exemplo), de modo a que não
tivéssemos tempo de ser influenciados pelos outros, atingiríamos,
paradoxalmente, o grau zero da democracia, porque tal significaria a morte das
ideias e da discussão à volta delas. A democracia sempre precisou da palavra e
nenhum 'like' de Zuckerberg a poderá substituir.
Ora, enquanto consumidores, já há muito tempo que somos
monitorizados, de tal modo que se se pode dizer que se o 'marketing' nos
condiciona, mesmo ao nível do subliminar, também é nosso o 'retrato-robot' que
serve de ponto de partida. O nosso comportamento baliza e é objecto de uma
experiência de verdadeira 'engenharia social'. O consumidor é o facto (e o
feito) que confirma a 'ciência do comportamento'.
A imagem do espelho e no espelho vêm aqui ao caso. Somos
de tal maneira feitos que essa imagem nos surge como um sinónimo da mentira, da
mais verosímil das mentiras: mas nunca poderemos coincidir com ela.
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