Sócrates |
"A teleologia não é proibida quando as explicações
vão para lá da ciência, até à metaciência."
(Freeman Dyson, 1989)
Quando temos que explicar o que não sabemos (porque pode
ser necessário, ainda assim, "ter uma ideia"), normalmente contamos
uma história.
É assim que replicamos à ânsia de respostas duma criança
saudável. E é claro que essas respostas são do género teleológico, quer dizer,
exprimem finalidades. Deus é a teleologia no estado puro, mas não vamos muito
longe se nos servirmos dessa ideia como explicação universal.
Ora, para não nos colocarmos a questão dos fins, podemos
sempre simplificar os contextos e criar explicações isoladas, onde funciona o
princípio da causalidade. Em determinadas condições, as leis da física
dispensam-nos de procurar mais longe.
As crianças são mais difíceis de contentar, na medida em
que nos obrigam quase sempre a falar do que não sabemos, daquilo a que só
podemos responder contando histórias.
As perguntas essenciais são na verdade teleológicas e
quem nada sabe (isto é, aquele que não elaborou suficientemente o mundo
antropológico, em que a cultura e a ciência desempenham um papel fundamental)
tem de aprender a fazer as perguntas certas.
O dito socrático é por isso duas vezes verdadeiro.
Sócrates teve de "desaprender" para chegar à conclusão de que não
sabia. O seu método era o de levar os outros pelo mesmo caminho. Não para
acumularem um novo saber, "desalienado", mas para alcançarem a
"metaciência" e nela se manterem, como crianças
"não-ingénuas".
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