"The best exotic Marigold Hotel" (2011, John Madden) |
Os ingleses regressam à Índia, à antiga "jóia na
corôa", mas sem os preconceitos imperiais e para gozarem uma reforma mais
barata. É claro que o imaginário do exotismo, o "seu Kipling",
empresta o seu quê de aventuresco ao melancóllico outono que é a vida de cada
um.
O juiz do Supremo (Tom Wilkinson) sela naquelas paragens
o seu destino, no único desvio do tom irónico e jocoso da história. A viúva Evelyn (Judi Dench), sempre dependente do marido,
consegue o seu primeiro emprego e Miss Donnally (Maggie Smith), depois de
recuperar da operação da anca, com sucesso realizada por homens daquela raça
estranha, volta ao activo como gerente do hotel. Todas as personagens evoluem e
aprendem com as peripécias do filme, num belo exercício de representação.
Dir-se-ia que apenas Mrs. Ainslie (Penelope Wilton) se mantém fiel às suas aversões e ao seu
estômago "middle class", mas é como o ponto fixo que permite a todos
os outros girarem livremente.
A comédia, porém,
não pode escapar a um simbolismo, ainda que involuntário. Os antigos
senhores da Índia há muito perderam a supremacia mundial, e a famosa "morgue" que estendia a toda a população indígena o
estatuto dos "intocáveis" deu lugar a uma incompreensão mais humana,
a da estranheza dos costumes que está muito mais próxima da igualdade.
Este grupo fatigado que anima o sobressalto das últimas
ilusões, parece revisitar, com muito humor à mistura, mas sem uma ideia de
culpa ou de direito a distorcer a verdade, o orgulhoso passado vencido como as
pedras tombadas de mais um templo.
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