terça-feira, 8 de maio de 2012

THE BEST EXOTIC

"The best exotic Marigold Hotel" (2011, John Madden)


Os ingleses regressam à Índia, à antiga "jóia na corôa", mas sem os preconceitos imperiais e para gozarem uma reforma mais barata. É claro que o imaginário do exotismo, o "seu Kipling", empresta o seu quê de aventuresco ao melancóllico outono que é a vida de cada um.

O juiz do Supremo (Tom Wilkinson) sela naquelas paragens o seu destino, no único desvio do tom irónico e jocoso da história. A viúva Evelyn (Judi Dench), sempre dependente do marido, consegue o seu primeiro emprego e Miss Donnally (Maggie Smith), depois de recuperar da operação da anca, com sucesso realizada por homens daquela raça estranha, volta ao activo como gerente do hotel. Todas as personagens evoluem e aprendem com as peripécias do filme, num belo exercício de representação. Dir-se-ia que apenas Mrs. Ainslie (Penelope Wilton)  se mantém fiel às suas aversões e ao seu estômago "middle class", mas é como o ponto fixo que permite a todos os outros girarem livremente.

A comédia, porém,  não pode escapar a um simbolismo, ainda que involuntário. Os antigos senhores da Índia há muito perderam a supremacia mundial,  e a famosa "morgue" que  estendia a toda a população indígena o estatuto dos "intocáveis" deu lugar a uma incompreensão mais humana, a da estranheza dos costumes que está muito mais próxima da igualdade.

Este grupo fatigado que anima o sobressalto das últimas ilusões, parece revisitar, com muito humor à mistura, mas sem uma ideia de culpa ou de direito a distorcer a verdade, o orgulhoso passado vencido como as pedras tombadas de mais um templo.

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