sexta-feira, 18 de maio de 2012

O OLHO E A MÃO

Leonardo Da Vinci


"As obras que o olho exige das mãos do homem são ilimitadas."

(Leonardo Da Vinci)



Naquela exigência está a necessidade de compreender fazendo. O homem de ciência, em Leonardo, nunca deixou de ser artista. É por isso que, nele, o desenho (deixou-nos quase 6000 páginas ilustradas, nos seus "Cadernos") prepara o trabalho das mãos, de modelização, como agora se diria. O desenho não é, aqui, uma mera representação. É uma introdução visual ao processo de compreender como as coisas funcionam. O Leonardo que estuda o voo das aves desenhando as asas não procura a natureza nem a verdade das aves, mas desvendar o segredo do seu voo, a aparente infracção à lei que atrai todos os corpos para a terra, imitando-o com os meios artificiais. Claro que ver no fenómeno um segredo que pode ser desvendado está a anos-luz da ideia da Criação e supõe o espírito prometeico mais do que o da doutrina cristã.

O que querem dizer aquelas "obras ilimitadas" é já a atitude moderna que vê na Natureza o homem do futuro e todos os seus enigmas como um 'puzzle' sem fim, mas à altura do nosso entendimento. Note-se como a visão aqui é a iniciadora da inteligência. Se inventámos o avião, foi porque desenhámos primeiro a partir do que vimos as aves fazerem.

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