Leonardo Da Vinci |
"As obras que
o olho exige das mãos do homem são ilimitadas."
(Leonardo Da Vinci)
Naquela exigência está a necessidade de compreender
fazendo. O homem de ciência, em Leonardo, nunca deixou de ser artista. É por
isso que, nele, o desenho (deixou-nos quase 6000
páginas ilustradas, nos seus "Cadernos") prepara o trabalho das mãos, de modelização, como agora se
diria. O desenho não é, aqui, uma mera representação. É uma introdução visual
ao processo de compreender como as coisas funcionam. O Leonardo que estuda o voo das aves
desenhando as asas não procura a natureza nem a verdade das aves, mas desvendar
o segredo do seu voo, a aparente infracção à lei que atrai todos os corpos para
a terra, imitando-o com os meios artificiais. Claro que ver no fenómeno um
segredo que pode ser desvendado está a anos-luz da ideia da Criação e supõe o
espírito prometeico mais do que o da doutrina cristã.
O que querem dizer aquelas "obras ilimitadas" é
já a atitude moderna que vê na Natureza o homem do futuro e todos os seus
enigmas como um 'puzzle' sem fim, mas à altura do nosso entendimento. Note-se
como a visão aqui é a iniciadora da inteligência. Se inventámos o avião, foi
porque desenhámos primeiro a partir do que vimos as aves fazerem.
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