quinta-feira, 24 de maio de 2012

ALICE NO POÇO



"E aqui Alice começou a ficar um pouco sonolenta, continuando a dizer para si mesma, como se estivesse no meio de um sonho, 'Será que os gatos comem morcegos? Será que os gatos comem morcegos?' e por vezes  'Será que os morcegos comem gatos?', porque, vocês estão a ver, como ela não podia responder a qualquer das questões, pouco importava o modo como as punha."


"Alice in Wonderland" (Lewis Carroll)



Ora, na vida, o que sobra são questões a que não se sabe responder, mas para as quais, apesar disso, é necessária uma resposta.

Alguém disse que a humanidade só se punha as questões a que pode responder. Não é assim, se por resposta entendemos mais do que um movimento dos lábios.

Imagine-se só a multidão de "especialistas" que iria engrossar as fileiras do desemprego se, por exemplo, os economistas dessem só respostas daquilo que sabem, nomeadamente, sobre o futuro. Se deixassem de falar em nome duma ciência que não existe, a economia, e fossem obrigados a referir-se só às incertezas da economia política, ciência social, se há ciência do social.

Mas não, continuam a extrapolar dos seus modelos virtuais, comportando-se como os psicanalistas que falam do inconsciente. Estes inventaram a coisa e fazem-na render. É o que fazem os especialistas da Economia.

Se ao menos tivessem a desculpa da sonolência que atingiu a pobre Alice a cair pelo seu poço interminável...

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