"E aqui Alice começou a ficar um pouco sonolenta,
continuando a dizer para si mesma, como se estivesse no meio de um sonho, 'Será
que os gatos comem morcegos? Será que os gatos comem morcegos?' e por
vezes 'Será que os morcegos comem
gatos?', porque, vocês estão a ver, como ela não podia responder a qualquer das
questões, pouco importava o modo como as punha."
"Alice in Wonderland" (Lewis Carroll)
Ora, na vida, o que sobra são questões a que não se sabe
responder, mas para as quais, apesar disso, é necessária uma resposta.
Alguém disse que a humanidade só se punha as questões a
que pode responder. Não é assim, se por resposta entendemos mais do que um
movimento dos lábios.
Imagine-se só a multidão de "especialistas" que
iria engrossar as fileiras do desemprego se, por exemplo, os economistas dessem
só respostas daquilo que sabem, nomeadamente, sobre o futuro. Se deixassem de
falar em nome duma ciência que não existe, a economia, e fossem obrigados a
referir-se só às incertezas da economia política, ciência social, se há ciência
do social.
Mas não, continuam a extrapolar dos seus modelos
virtuais, comportando-se como os psicanalistas que falam do inconsciente. Estes
inventaram a coisa e fazem-na render. É o que fazem os especialistas da
Economia.
Se ao menos tivessem a desculpa da sonolência que atingiu
a pobre Alice a cair pelo seu poço interminável...
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