"Alice in Wonderland" (Tim Burton) |
"- 'Já lhes cortaram a cabeça?' gritou a Rainha.
- 'As cabeças deles já foram, para servir Sua Majestade!' gritaram os
soldados por resposta.
- 'Está bem!' gritou a Rainha. 'Sabes
jogar o críquete?'
Os soldados ficaram em silêncio e olharam para Alice, como a pergunta lhe era evidentemente dirigida."
"Alice no País das Maravilhas" (Lewis Carroll)
Na paródia de Mel Brooks sobre a história do mundo, o
rei, depois de exercitar a pontaria num dos seus súbditos que passeava nos
jardins de Versalhes, exclama: - "It's good to be a king!"
Apesar da crueldade de ambas as cenas, é duvidoso se
contribuiriam para a revolução social. A
fantasiosa decapitação dos três jardineiros da Rainha de Copas ou o hipotético
"tiro ao alvo" de Luís XV são, evidentemente, imagens do poder
arbitrário, mas o poder tende sempre para isso. Porque só comia carne humana,
o Minotauro da lenda exigia o sacrifício
permanente de homens e mulheres, mas com o tempo, até a sua antropofagia se tornou
mais selvagem.
Assim como não é a miséria que se revolta contra o seu
estado, as vítimas do poder arbitrário precisam de escapar primeiro à sua
prisão imaginária (e a das imagens projectadas pelo poder) para conceberem a
revolta.
O fio da Ariadne é muito mais do que um estratagema. Ela
viu com os olhos de Alice e com a sua "incredulidade".
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