quarta-feira, 2 de maio de 2012

O POLIBAN



"A intimidade e o segredo, a aceitaçāo do risco, a promoçāo da responsabilidade pessoal, a complexidade, parecem ter dado lugar aos princípios de transparência, de precaução, de avaliação, de simplificação."

(Jacques Miermont)



Sobre a vulnerabilidade do mundo privado, com as redes, o cruzamento dos dados e os mil olhos do Argos electrónico que nos segue nos centros comerciais e, cada vez mais,  nas ruas, não há muito a dizer, de tal modo se tornou patente.

Já quanto à "aceitação do risco" e à responsabilidade pessoal, muitos vivem ainda na ilusão, porque estaríamos ainda dentro do "sistema capitalista", de que essas continuam a ser as virtudes que, ainda hoje, o identificam.

Mas veja-se as novas formas de protecção, como os CDS (credit default swaps) de que se rodearam os grandes investidores e os especuladores à la Goldman Sachs. Embora existam algumas diferenças, funciona como uma espécie de seguro. A quase garantia de serem resgatadas pelo poder público, no caso de falência (caso do BPN ) contribui ainda para que o risco dos jogadores seja uma sombra do que foi. Na verdade, não se assistiu a uma diminuição do perigo, mas apenas à sua "nacionalização", segundo um princípio consagrado.

Quanto à "simplificação", ela resulta do mecanismo administrativo que tende a dispensar as opiniões livres, em favor duma conformidade aparente com a opinião mediatizada.

No fundo, do desvirtuamento da democracia. No caso português, não se tratará bem de desvirtuamento, porquanto não lhe chegamos a conhecer as virtudes (fora dum período de "imersão" inicial).

Passará a democracia por nós como a água dum banho, demasiado caro para se repetir? Nos tempos que correm até o 'poliban' é um luxo...

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