"A intimidade e o segredo, a aceitaçāo do risco, a
promoçāo da responsabilidade pessoal, a complexidade, parecem ter dado lugar
aos princípios de transparência, de precaução, de avaliação, de
simplificação."
(Jacques Miermont)
Sobre a vulnerabilidade do mundo privado, com as redes, o
cruzamento dos dados e os mil olhos do Argos electrónico que nos segue nos
centros comerciais e, cada vez mais, nas
ruas, não há muito a dizer, de tal modo se tornou patente.
Já quanto à "aceitação do risco" e à
responsabilidade pessoal, muitos vivem ainda na ilusão, porque estaríamos ainda
dentro do "sistema capitalista", de que essas continuam a ser as
virtudes que, ainda hoje, o identificam.
Mas veja-se as novas formas de protecção, como os CDS
(credit default swaps) de que se rodearam os grandes investidores e os
especuladores à la Goldman Sachs. Embora existam algumas diferenças, funciona
como uma espécie de seguro. A quase garantia de serem resgatadas pelo poder
público, no caso de falência (caso do BPN ) contribui ainda para que o risco
dos jogadores seja uma sombra do que foi. Na verdade, não se assistiu a uma
diminuição do perigo, mas apenas à sua "nacionalização", segundo um
princípio consagrado.
Quanto à "simplificação", ela resulta do
mecanismo administrativo que tende a dispensar as opiniões livres, em favor
duma conformidade aparente com a opinião mediatizada.
No fundo, do desvirtuamento da democracia. No caso
português, não se tratará bem de desvirtuamento, porquanto não lhe chegamos a
conhecer as virtudes (fora dum período de "imersão" inicial).
Passará a democracia por nós como a água dum banho, demasiado caro para se repetir? Nos tempos que correm até o 'poliban' é
um luxo...
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