"Erasmo, entre os iniciadores do novo humanismo da
nossa era moderna, foi também o primeiro a querer racionalizar a questão da
miséria sugerindo a interdição da mendicidade e da vagabundagem, e a criação de
casas de trabalho forçado."
(Bruno Tardieu)
No princípio da ordem parece estar a separação e a
exclusão. Mesmo nos animais, que não misturam o que comem com o que defecam.
Mas um estado menos racional do que o
"Humanista" permitiria certas formas consideradas depois de
promíscuas.
A utopia em germe no racionalismo - mostrou-nos o século
XX - pode gerar monstros. A ordem, ou o seu excesso, voltou-se contra uma ideia
do homem inspirada nos melhores exemplos do passado.
Estamos em vias, agora, de nos adaptarmos a um tipo de
ordem, de "geometria variável" e mais próxima da auto-regulação dos
sistemas. Mas o sistema que canonicamente corresponderia a essa definição, o
mercado, revelou-se, de facto, caótico.
Estes paradoxos autorizam-nos a ser inconsequentes:
queremos racionalizar sempre mais e, ao mesmo tempo, libertar as autonomias. Excluir e incluir,
correr pelos prémios e ser solidários. A perfeição da boa consciência é indexar
a solidariedade aos juros da nossa conta bancária ou às nossas despesas
consumísticas. E eis como se pode racionalizar o insuportável, na esteira do
primeiro humanismo.
0 comentários:
Enviar um comentário