Egas Moniz (Estação de S. Bento) |
Não sei que lição se pode extrair do facto da nossa
história como nação independente ter começado com uma promessa não cumprida.
Afonso Henriques, depois de prender a mãe e o amante desta, é cercado em Guimarães pelo primo castelhano, a quem se vê obrigado a prestar vassalagem, aconselhado pelo célebre Egas Moniz. Mas esse estado de
coisas, visivelmente, não agradava a Deus, que tomou finalmente partido pelo
português no chamado milagre de Campo de Ourique. O nosso Afonso declara a
independência e coloca-se sob a protecção do papa.
A quebra da promessa não foi tomada com ligeireza pelo
velho aio. Partiu com a família para a corte vizinha, de corda ao pescoço,
para que o rei de Castela dispusesse das suas vidas. Sabe-se que Afonso VII se
comoveu com a estocada simbólica dirigida à sua magnanimidade e ambos os povos
se pouparam uma guerra inútil.
O velho Egas tomou sobre si a falta do jovem rei (era um
tempo em que o poder não tinha ainda sido devidamente esclarecido sobre a sua
natureza pelo grande Maquiavel).
***
A coisa mais natural do mundo é, para os Gregos, tirarem
a cabeça do cepo e romperem com as promessas feitas à Troika. Para além do
resto, estão justificados pela quebra duma outra promessa de que pouco se fala, que é a dos sacrifícios
impostos pela troika lhes permitirem voltar a ser um país normal, escapando a
uma agonia prolongada.
O problema é que a autonomia é hoje um sonho
"romântico" e que a Nêmesis, que os Gregos conhecem bem, parece trabalhar agora para "os
mercados".
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