Belas cenas nocturnas nas estepes da Anatólia, com a
poeira dos carros da polícia desenhada na luz dos faróis, uma busca de fonte em
fonte segundo as indicações confusas do assassino, para encontrar o local onde
o corpo da vítima fora enterrado, as conversas daquela noitada entre os homens,
e no centro uma cena de "levitação". A equipa, de que faz parte um
médico e um procurador, faz uma pausa para descansar e tomar uma bebida quente
numa pequena aldeia, em casa do chefe do município, Mukhtar. A cena é interrompida por
um corte de electricidade, o que dá lugar a um comentário sobre as prioridades
do "município" que se esforçava por obter apoio para uma morgue ( em
terra de emigração, os corpos tinham que aguardar pela última homenagem dos
ausentes). Numa luz que faz lembrar a pintura de La Tour, Cemile, a filha de Mukhtar, duma
extraordinária beleza, serve o chá,
provocando nos rostos duros um movimento de admiração. A aparição não deixa
ninguém indiferente, desatando a má-vontade do assassino, o que leva à rápida
conclusão das buscas.
O prisioneiro chora porque o filho do morto, na verdade o
seu filho, lhe atira uma pedra à cabeça. Na autópsia, o médico condoído omite
uma circunstância agravante: havia terra nos pulmões da vítima, o que levava a
supor que tivesse sido enterrado vivo.
A capacidade dos homens de se fazerem mal uns aos outros
parece não ter limites e ser uma espécie de fatalidade. A história que o
procurador conta ao médico duma mulher que anunciou a sua própria morte no
seguimento da traição do marido, é como um comentário da história principal. Nêmesis no país dos turcos.
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