"The artist" |
O filme francês "O artista", que conquistou os
óscares, competindo com obras como o último Scorcese, é um objecto estranho.
Por mais voltas que se dê, não se percebe a razão do favoritismo.
Quando a moda de "tingir" os clássicos a preto
e branco parece se ter instalado na indústria americana, na tentativa de
revender os antigos êxitos, como mais recentemente está a acontecer com o 3D,
"O artista" não é a cores, nem é falado. Tudo características para
passar abaixo dos sensores do público médio.
Aliás, a história tem a ver com o "realismo"
que falta ao protagonista, grande vedeta do mudo, para se adaptar ao sonoro. A
questão é tratada como um movimento do orgulho. O actor identificou-se de tal
modo com a técnica que corresponder à nova procura lhe parece uma traição aos seus princípios (
um dos lados por onde se podia abordar a polémica gerada pelo Acordo
Ortográfico é precisamente esse; mas, neste caso, é preciso não esquecer, que
não existe nenhum tipo de inovação ou de necessidade linguística para o Acordo,
que parece ser apenas ditado por más razões políticas).
O abandono pelo público, leva Valentin (Jean Dujardin),
depois de uma tentativa de suicídio, a abraçar a sua nova 'persona'. No cinema,
o caso de John Gilbert atesta de que nem sempre o artista supera esse passo com
êxito.
Tudo somado, tenho de concordar com a opinião de um dos
nossos críticos de cinema, que diz que os óscares do filme de Hazanavicius se
devem a uma perfeita engrenagem de 'marketing'.
O que nos leva a uma outra questão: o que é que as
técnicas modernas não nos conseguirão vender? Não é só o cinema que é uma
ilusão. Os mais consagrados lugares da "crítica" também o são.
1 comentários:
Não perca o Le Havre e Uma Separação.
Fantásticos.
Ainda não vi O Artista.
Maria Helena
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