Lula da Silva |
Um destes dias Lula da Silva apareceu diante das
câmaras, com aquela aparência dos que foram tocados pela doença que
merece mais do que o sono, o epíteto de ante-câmara da morte. A
aparência dos que sabem o que ninguém quer saber antes do tempo. A
quimioterapia, ao privá-los do adorno capilar, faz, além disso, com que
nos surjam como consagrados a uma espécie de "ordem monástica".
Veio anunciar que estava curado do seu cancro da laringe. Agradeceu a
todos os que o apoiaram na provação, mas começou por fazer uma coisa
surpreendente, se atentarmos no seu verdadeiro significado.
Agradeceu, em primeiro lugar, a Deus. Esse gesto para a televisão
transforma Deus, evidentemente, no primeiro dos tele-espectadores.
Como crente, Lula terá tido o seu diálogo privado com o Criador. Mas,
como figura pública, o ex-presidente do Brasil, fez da televisão o
veículo privilegiado da mensagem tanto para Deus, como para o povo
brasileiro (na verdade, trata-se de um único destinatário, porque foi a
imagem do crente que ele quis transmitir).
Este "pequeno lapso" não chega a chamar a atenção, tal é o grau de
"conversão" do sagrado no profano. Por outro lado, exprime bem o poder
dos mídia.
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