"Guernica" |
" A minha pintura não tem uma intenção conscientemente
propagandística [...], a não ser no quadro 'Guernica' [...]"
"Picasso"
(Wilfried Wiegand)
A propaganda parece que pode ser arte, e os filmes de Sergei
Eisenstein, aí estão para o demonstrar. O cineasta russo, decerto não
enjeitaria ser essa a sua intenção, embora no caso de "Ivan, o Terrível", a ambiguidade seja extrema.
Mas, na "Guernica" e em todo o Eisenstein, a
propaganda está longe de conformar a criação. Ambos os artistas acreditavam no
essencial da "mensagem". As caricaturas da burguesia, em "A
Greve" ou em "Outubro" são um recurso estilístico. O realizador
não pretende ser "realista" ou fiel ao senso comum. Ele quer
"mover" e "comover". Acredita na transformação das
mentalidades através do cinema. E quando pensa a acção é como se o contexto
revolucionário não deixasse grande margem para dúvidas.
O quadro mais célebre do pintor malaguenho é um misto de
técnica cubista e expressionista. Dirige-se a um outro público que não o de
Eisenstein. Talvez ele tivesse algumas ilusões sobre o efeito duma obra tão
estilizada.
No fundo, a única propaganda foi a do seu nome que emprestou a uma
causa.
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