quinta-feira, 8 de março de 2012

PROPAGANDA

"Guernica"

" A minha pintura não tem uma intenção conscientemente propagandística [...], a não ser no quadro 'Guernica' [...]"

"Picasso"  (Wilfried Wiegand)


A propaganda parece que pode ser arte, e os filmes de Sergei Eisenstein, aí estão para o demonstrar. O cineasta russo, decerto não enjeitaria ser essa a sua intenção, embora no caso de "Ivan, o Terrível", a ambiguidade seja extrema.

Mas, na "Guernica" e em todo o Eisenstein, a propaganda está longe de conformar a criação. Ambos os artistas acreditavam no essencial da "mensagem". As caricaturas da burguesia, em "A Greve" ou em "Outubro" são um recurso estilístico. O realizador não pretende ser "realista" ou fiel ao senso comum. Ele quer "mover" e "comover". Acredita na transformação das mentalidades através do cinema. E quando pensa a acção é como se o contexto revolucionário não deixasse grande margem para dúvidas.

O quadro mais célebre do pintor malaguenho é um misto de técnica cubista e expressionista. Dirige-se a um outro público que não o de Eisenstein. Talvez ele tivesse algumas ilusões sobre o efeito duma obra tão estilizada.

No fundo, a única propaganda foi a do seu nome que emprestou a uma causa.

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