"O próprio Nietzsche recomenda aos 'espíritos
livres', por amor da liberdade interior, respeitarem certas regras
exteriores!"
"O Homem Sem Qualidades" (Robert Musil)
Antes do filósofo do "Assim falou Zaratustra",
Pascal o disse. Se era necessário tirar o chapéu a um importante para ter a paz
de espírito, esse era, tudo somado, um pequeno preço.
Mas Pascal não cedia mais do que o gesto convencional,
como de um chapéu a outro. O juízo sobre a personagem não era de modo nenhum
afectado. Repare-se que a atitude de se confrontar com os 'costumes' já
predispõe para criar inimigos em quem nos seria, de outro modo, indiferente.
Suponho que alguns jovens que se disfarçam de navajos
esgotem o melhor das suas energias em se preparar para a hostilidade do meio em
que vivem. Neles, porém, essa atitude confunde-se com os conflitos da
puberdade.
Podemos ter a certeza de que quanto mais exterior é a
personagem, menos tem a esconder.
A infelicidade de Cyrano fez dele um ferrabrás, porque se
tinha nariz a mais, também não lhe faltava a coragem. No seu caso, não foi por
vacuidade que se tornou um espadachim temível. Como não podia evitar o tamanho
do 'apêndice', empurrou com ele o seu destino.
No romance de Musil, Ulrich sofreia os ímpetos da sua
irmã Àgata citando o filósofo da vontade de poder. É que até na ambição é
preciso concentrar as forças.
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