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"A diagonal métrica foi historicamente vivida como o
drama do irracional e evidente morte do pensamento puro (...)"
"As origens da geometria" (Michel Serres)
É o mesmo problema que perturba o aluno Törless. Como é
que o que não se pode quantificar (por exemplo o número Pi ou a raiz quadrada
de 2) pode fazer parte da matemática sem a destruir?
Serres diz que, pelo menos, os números irracionais acabam
com o "pensamento puro", isto é, com a perfeição do método. Se o
irracional está no centro do mais rigoroso dos nossos pensamentos, como
resistir à cabala pseudo-lógica que, no romance de Musil, transformou o trio de
colegiais em torcionários?
As várias tentativas, desde os Gregos, para conciliar o
inconciliável dentro da ciência, culminaram na adopção, no nosso tempo, da
teoria quântica pela simples razão que funciona, como a álgebra, de resto,
funciona.
Quando a complexidade dos nossos cálculos ultrapassa a
capacidade do nosso cérebro, a matemática torna-se um maravilhoso
"gadget" e desaprenderemos a pensar, pela mesma razão que os alunos
que utilizam sistematicamente a calculadora já não sabem fazer uma divisão.
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