domingo, 11 de março de 2012

A CONFUSÃO DE TÖRLESS

thekaufmannpost.net


"A diagonal métrica foi historicamente vivida como o drama do irracional e evidente morte do pensamento puro (...)"


"As origens da geometria" (Michel Serres)


É o mesmo problema que perturba o aluno Törless. Como é que o que não se pode quantificar (por exemplo o número Pi ou a raiz quadrada de 2) pode fazer parte da matemática sem a destruir?

Serres diz que, pelo menos, os números irracionais acabam com o "pensamento puro", isto é, com a perfeição do método. Se o irracional está no centro do mais rigoroso dos nossos pensamentos, como resistir à cabala pseudo-lógica que, no romance de Musil, transformou o trio de colegiais em torcionários?

As várias tentativas, desde os Gregos, para conciliar o inconciliável dentro da ciência, culminaram na adopção, no nosso tempo, da teoria quântica pela simples razão que funciona, como a álgebra, de resto, funciona.

Quando a complexidade dos nossos cálculos ultrapassa a capacidade do nosso cérebro, a matemática torna-se um maravilhoso "gadget" e desaprenderemos a pensar, pela mesma razão que os alunos que utilizam sistematicamente a calculadora já não sabem fazer uma divisão.
 

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