Anna Akhmatova (1924) |
"Tranquilo corre o rio Don
Uma lua amarela
e quieta
Mostra a sua elegância
Com a boina de lado
Ela vê através da janela uma sombra de ti
Gravemente
doente e só
A lua vê uma mulher deitada em casa,
O filho na prisão, o marido
morto
Reza por ela uma
prece, em vez disso."
(Anna Akhmatova, tradução minha do inglês)
Como no teatro, o silêncio alarga o espaço para a acção,
para as palavras que contam.
O drama desta mulher sobe até ao céu. Mas o efeito não é
o de se perder a intensidade da dor humana na vastidão do espaço. O grande rio
parece andar mais devagar e a quimérica
lua suspende a sua dança para escutar o gemido dela.
Akhmatova não foi uma das "almas mortas" da
literatura soviética de que falou Cholokov no XX Congresso. Mas foram raros os
escritores que se salvaram dessa aliança com o poder.
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