Leda e o Cisne (Veronese) |
"A
Zeus nunca falta jeito, pela simples razão de que se importa pouco com a sua
dignidade.'Non bene conveniunt nec in una sede morantur Maiestas et Amor.'”
(Roberto
Calasso, citando Ovídio)
A majestade é difícil de conciliar com
a graça. A nossa atitude condiciona tanto a resposta, que facilmente caímos no
ridículo quando saímos do "tom". A graça, pelo contrário, é jovem e
ri-se da compostura. A agilidade do corpo parece a melhor metáfora para
representar a facilidade com que se esquiva às tentativas de a amarrarem a uma
máscara.
Não é pequena coisa por isso que o pai
dos deuses, com as suas barbas imponentes, se possa comportar como um
adolescente nas coisas do amor.
Com efeito, que poder está tão seguro
de si para abrandar a vigilância sobre si mesmo, sobre os seus gestos e as
interpretações erradas que deles se podem fazer? Zeus, não é um deus político,
por certo, quando se comporta com tanta liberdade.
Depois dele, vieram os verdadeiros deuses
políticos, com a religião romana.
Zeus está com um pé dentro e outro
fora. O encontro entre o Oriente e o Ocidente gerou este híbrido que nos faz a
todos velhos.
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