segunda-feira, 14 de novembro de 2011

UM DEUS "SOUPLE"


Leda e o Cisne (Veronese)

"A Zeus nunca falta jeito, pela simples razão de que se importa pouco com a sua dignidade.'Non bene conveniunt nec in una sede morantur Maiestas et Amor.'”

(Roberto Calasso, citando Ovídio)


A majestade é difícil de conciliar com a graça. A nossa atitude condiciona tanto a resposta, que facilmente caímos no ridículo quando saímos do "tom". A graça, pelo contrário, é jovem e ri-se da compostura. A agilidade do corpo parece a melhor metáfora para representar a facilidade com que se esquiva às tentativas de a amarrarem a uma máscara.

Não é pequena coisa por isso que o pai dos deuses, com as suas barbas imponentes, se possa comportar como um adolescente nas coisas do amor.

Com efeito, que poder está tão seguro de si para abrandar a vigilância sobre si mesmo, sobre os seus gestos e as interpretações erradas que deles se podem fazer? Zeus, não é um deus político, por certo, quando se comporta com tanta liberdade.

Depois dele, vieram os verdadeiros deuses políticos, com a religião romana.

Zeus está com um pé dentro e outro fora. O encontro entre o Oriente e o Ocidente gerou este híbrido que nos faz a todos velhos.

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