(Man Ray) |
"O
assunto da música foi discutido, e um Espanhol perguntou a Henriette se sabia
tocar qualquer outro instrumento além do violoncelo. 'Não', respondeu. 'Nunca
senti inclinação por qualquer outro. Aprendi o violoncelo no convento para
agradar a minha mãe, que sabe tocá-lo muito bem, e sem uma ordem de meu pai,
sancionada pelo bispo, a abadessa nunca me teria dado permissão para
praticá-lo.' 'Que objecção poderia a abadessa fazer?' ' Essa devota esposa de
nosso Senhor pretendia que eu não poderia tocar o instrumento sem assumir uma
posição indecente.'"
"Memórias
de Casanova"
A anedota tem a marca do grande
libertino e "leva a água ao
moinho" da sua paixão. Ele, que se confessa enamorado de Henriette,
não podia sofrer a descoberta do seu talento de violoncelista, sem perder o
"entusiasmo" (o eros casanoviano
é uma força que nenhuma arte pode valorizar).
Assim, e por uma retorcida táctica de
reapropriação, serve-se da imagem das pernas abertas para destituir a artista e
recuperar a sua obsessão narcísica.
Na "Cidade das Mulheres",
Fellini apresenta-nos um Casanova moderno, mostrando a sua galeria de
diapositivos, cada "nicho" com o seu som amoroso.
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