"Star Wars" |
"Isso,
pensava nele contra a sua vontade. Ele dizia que lhe faziam pensamentos. Sem
que por isso perdesse a sua lenta e viril circunspecção, as mais pequenas
coisas o irritavam, como acontece a uma mulher durante a subida do leite."
"O Homem
Sem Qualidades" (Robert Musil)
A personagem de Moosbrugger, uma
espécie de Wozzeck pensador, está no centro da reflexão musiliana sobre a época
moderna e a sua perda de referências.
Ele matou, mas parece que alguém matou
nele ou por ele. A sua "justificação", num homem do povo (do ponto de
vista de Ulrich, por exemplo), é extraordinariamente astuta e antecipa a
psicologização da justiça e toda a argumentação do "politicamente
correcto".
No momento em que as "forças
vivas" do império austro-húngaro ( a Cacânia de Musil) tentam salvar a
civilização com uma fórmula que alia o Espírito e o Poder, o caso de
Moosbrugger permanece como uma objecção insidiosa. Com efeito, pode o réu ser
condenado quando a sua consciência tem a forma da quimera, metade humana e
metade animal? A força (o Capital) não pode decidir a questão, decretando que
ele é, parcialmente imputável. E o Espírito - por causa da sua aliança cacânica - não pode também ilibá-lo.
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