quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O MUNDO NOVO




É preciso ver "Nuovomondo" (2006) de Emanuele Crialese, para perceber o que é o tão badalado, mas mal compreendido "choque de culturas".

A família  dos Mancuso abandona a pobreza da terra siciliana, na miragem dos rios de leite e de mel americanos. O filme deixa-a na Ilha de Ellis, a braços com os funcionários da imigração, sem terem ainda um vislumbre da terra fabulosa, sofrem, depois dos abalões e da promiscuidade da viagem, a arrogância dos Cérberos da Terra Prometida.

Fortunata, a mãe, símbolo duma sageza ancestral, espécie de pitonisa da montanha, vê-se tocada e humilhada e todos os seus "dotes" tratados como sintomas de debilidade mental. A América não quer que ela contribua para a "degeneração" dos seus cidadãos.

As miragens têm, mesmo antes de abordar Nova Iorque, o primeiro grande desmentido nas esperanças desfeitas daquelas jovens que atravessaram o oceano (Luciano, como diz Salvatore, chefe da família) para irem ao encontro do noivo que a sorte e a necessidade lhes destinaram.

Os testes de inteligência e sanidade física e mental impostos pelas autoridades aos imigrantes são prepotentes e verdadeiramente patéticos. Falta-lhes a habilidade dos testes modernos que alcançam os mesmos fins, mas precisam de convencer pessoas mais informadas.

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