Winston Churchill |
"O
Dr. Paul Arnheim tinha pois razão quando dizia a Ulrich que a história
universal não autorizava nunca um acontecimento negativo; a história universal
é optimista: sempre entusiasta quando se trata de tomar um partido, e nunca
tomando o partido contrário senão depois!"
"O Homem
Sem Qualidades" (Robert Musil)
A frequência das
"reviravoltas" colocaria, de facto, um problema se o curso da
história se acelerasse. Mas tal como as coisas se passam, o
"entusiasmo" com que se
dividem os partidos só pode ajudar ao trabalho da "astúcia" histórica
de que falava Hegel, ou ao que no cristianismo significa a expressão "Deus
escreve direito por linhas tortas".
O tempo da "reviravolta"
permite, assim, encontrar-se uma espécie de coerência lógica nas posições
antagonistas que, podem preparar, o mais naturalmente possível, as respectivas
inversões.
Esta é, evidentemente, uma ideia
escandalosa na política e que a moralidade comum condena, por exemplo, com o
termo de "vira-casacas" aplicado ao político que muda de opinião.
Quando o jovem Churchill atravessou o corredor que separa, no Parlamento
inglês, a bancada do partido no governo da bancada da oposição, foi sujeito à
mesma reprovação. Mas nenhuma biografia leva isso à conta da falta de
princípios, e o que é relevado é a sua ambição e a sua independência.
No espaço duma vida, somos levados a
pensar que, ao abandonarmos certo contexto, a lógica que nos guiava se perdeu,
a ponto do nosso entusiasmo, se ainda é possível, se pagar mais do que com uma
traição às ideias, com uma traição a nós próprios. O que, de resto, não deveria
causar-nos problemas porque crescer tem o mesmo efeito.
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