segunda-feira, 21 de novembro de 2011

REVIRAVOLTAS


Winston Churchill



"O Dr. Paul Arnheim tinha pois razão quando dizia a Ulrich que a história universal não autorizava nunca um acontecimento negativo; a história universal é optimista: sempre entusiasta quando se trata de tomar um partido, e nunca tomando o partido contrário senão depois!"


"O Homem Sem Qualidades" (Robert Musil)




A frequência das "reviravoltas" colocaria, de facto, um problema se o curso da história se acelerasse. Mas tal como as coisas se passam, o "entusiasmo"  com que se dividem os partidos só pode ajudar ao trabalho da "astúcia" histórica de que falava Hegel, ou ao que no cristianismo significa a expressão "Deus escreve direito por linhas tortas".

O tempo da "reviravolta" permite, assim, encontrar-se uma espécie de coerência lógica nas posições antagonistas que, podem preparar, o mais naturalmente possível, as respectivas inversões.

Esta é, evidentemente, uma ideia escandalosa na política e que a moralidade comum condena, por exemplo, com o termo de "vira-casacas" aplicado ao político que muda de opinião. Quando o jovem Churchill atravessou o corredor que separa, no Parlamento inglês, a bancada do partido no governo da bancada da oposição, foi sujeito à mesma reprovação. Mas nenhuma biografia leva isso à conta da falta de princípios, e o que é relevado é a sua ambição e a sua independência.

No espaço duma vida, somos levados a pensar que, ao abandonarmos certo contexto, a lógica que nos guiava se perdeu, a ponto do nosso entusiasmo, se ainda é possível, se pagar mais do que com uma traição às ideias, com uma traição a nós próprios. O que, de resto, não deveria causar-nos problemas porque crescer tem o mesmo efeito.

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