(George Stevens, 1959) |
Oito pessoas encurraladas num anexo
secreto, escondido atrás dum armário, por cima duma fábrica de pectina, e uma
rapariga de 13 anos que descreve os seus sentimentos e a vida daquelas pessoas.
É, claro, a história de Anne Frank.
George Stevens, o homem que filmou a vastidão do Texas ("Gigante"),
está igualmente à vontade no "huis
clos" de Prinsengracht, numa
Amsterdam ocupada, onde se refugia uma família de judeus e alguns amigos.
É, sem dúvida, virtude do texto, que
exprime a vontade de viver da jovem
autora que todos, ao fim, sintamos que foi a vida que venceu aquele combate.
Mas, no filme, a actriz ( Millie Perkins ) e o seu entusiasmo são essenciais. Stevens
escolheu bem a última cena, quando o pai, libertado de Auschwitz volta a casa e
encontra o célebre diário, e, perante a força daquela esperança e a inabalável
fé na humanidade, se declara envergonhado. Envergonhado por ter deixado de
crer, por ter sido vencido pelas provas.
Anne, como Etty Hillesum, uma
compatriota que sofreu o mesmo destino, pertencem ao domínio da verdadeira
religião, onde só o que é inspirador é relevante. E poucos são os exemplos,
fora da santidade reconhecida, dum mito fundado nas confissões de alguém que
mal conhecia o mundo...
0 comentários:
Enviar um comentário