segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PRIMAVERA



"(...) Pour tous les innocents qui haïssent le mal
La lumière toujours est tout près de s’éteindre
La vie toujours s’apprête à devenir fumier
Mais le printemps renaît qui n’en a pas fini
Un bourgeon sort du noir et la chaleur s’installe
Et la chaleur aura raison des égoïstes
Leurs sens atrophiés n’y résisteront pas (...)."

"Dit de la force de l'amour"  (Paul Éluard)



"O calor vencerá os egoístas". Quero crer. E os inocentes que odeiam o mal serão vingados pelos novos inocentes. O que se celebra aqui é a vida, para a qual a bondade ou a maldade são jogos de luz e de sombra.

Mas a palavra amor diz outra coisa. Diz que a vida tem de ser humana e que cada um de nós é como aquele botão de flor que "sai do negro" na primavera. O problema é que as nossas estações podem ter períodos muito mais largos do que os da natureza. Mas a força que renasce é a mesma. Podemos chamar-lhe amor.

Parece, talvez, masoquista a ideia dos filósofos da Grécia Antiga que consideravam a melhor das vidas uma preparação para a morte. Mas é como se, para eles, o renascimento fosse o verdadeiro objectivo. A passagem pela terra, pelo "negro" de que fala o poeta, não seria, assim, o oposto da vida, mas a própria essência da "primavera".

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