quinta-feira, 3 de novembro de 2011

CONTORNO E COMPOSIÇÃO

John Ruskin


"Já me ouvistes afirmar, várias vezes, que todos os mestres que valorizam a forma precisa e o modelado encontraram o modo mais expedito de obter o que requeriam no firme contorno da pena, completado por uma leve camada de tinta neutra. Este método é, na verdade, raramente utilizado por Rafael e Miguel Ângelo nos desenhos que nos deixaram, porque os seus estudos são quase todos experiências-tentativas de composição, na qual a pena imperfeita e descuidada sugeria tudo o que era preciso e permitia a rápida mudança sem confundir a visão."

"Lectures on Landscape" (John Ruskin)



Podíamos quase servir-nos destes dois métodos de desenho para distinguir duas maneiras de pensar que todos nós, mais ou menos, utilizamos, para lá, evidentemente de, nos casos mais marcantes, revelarem dois tipos de temperamento.

Se eu sei o que vou desenhar (ou dizer) posso ser mais flexível no detalhe. Basta-me um "rabisco" que mudarei de forma e de posição conforme as necessidades da composição (ou do diálogo).

Mas se não sei, se improviso completamente, a tentação de aperfeiçoar as formas que vão surgindo é quase inescapável. Isto parece-se um pouco com a arte barroca ou, nas letras, com o gongorismo. O detalhe tende para uma melhor definição por não haver um enquadramento rigoroso.

Pensamento táctico e pensamento estratégico, também se podia dizer desses modelos.

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