A esfinge de Gizé |
"Quantos
seres não contemplam dia após dia o mesmo rosto bem-amado, mas não sabem dizer,
por pouco que fechem os olhos, como é que ele é."
"O Homem
Sem Qualidades". (Roberto Musil)
Conhecer os rostos é como uma língua,
e a língua dos rostos estranhos não sabemos falar. Perdemos a ciência dos
detalhes logo que mergulhamos noutra raça. Um asiático, para nós, é muito mais igual a outro do que um europeu.
Mas é verdade que mesmo um rosto
"decifrado" muda a cada momento, conforme o ângulo, a sua disposição
e a nossa, conforme a luz e o sentimento, etc.
Um rosto é assim uma promessa de
reconhecimento, um acolhimento incondicional de todas as variações, como se os
olhos fossem instruídos a repor a ordem do sentimento.
É por isso que uma fotografia é uma
espécie de traição. Essa imagem dum momento sacrifica o "halo" duma
totalidade que é habitualmente a nossa maneira de ver uma pessoa amada.
À falta da "presença" real,
temos um "elo" da cadeia perdida no nosso coração.
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