sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ENGENHEIROS


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"(...) as 'leis civis não podem punir nem proscrever tudo o que de mal se faz, porque, querendo extirpar todo o mal, fariam desaparecer ao mesmo tempo muito do que é bom.'"

(Agostinho, "De Libero Arbitrio", citado por Hannah Arendt)


A alternativa a querer extirpar o mal é, assim, uma espécie de compromisso ou de negligência.

Para muitos, essa é uma atitude moralmente inadmissível. Como todos aqueles que vêem a natureza social como uma máquina que precisa de conserto, qualquer demora, significando mais sofrimento, é um crime.

Esta "engenharia" revolucionária que assenta mais na boa vontade do que no conhecimento das "engrenagens", depois de alguns insucessos históricos, migrou para o lado do "inimigo".

O capitalismo, no seu estádio financista e global, segue um modelo de engenharia convulsiva que apesar de ter efeitos tão inesperados e paradoxais como a revolucionária não tem sequer a desculpa de se inspirar num ideal.

A cupidez, a coisa mais vista à superfície da terra e tão velha como os simples apetites, é o seu motor.

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