sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SI ILLE CUR NON EGO?

Santo Agostinho



"Ora o direito dos seres vivos exprime-se hoje de duas maneiras: a segurança do risco zero e o direito à felicidade."

(Fr.Jean-Michel Potin)




"Wishful thinking", sem dúvida. O que temos hoje é a insegurança e o empobrecimento, e não creio que alguém se esteja a sentir "pobrete, mas alegrete".

Que direito tem o judeu Shylock de exigir do seu devedor, António, a celerada libra de carne, só porque o navio deste foi ao fundo com todos os seus bens? Claro que se pode invocar um "direito", mas nunca foi tão transparente a  identidade deste com a força bruta ou a força cega de um sistema.

Pelos vistos, nós vamos ter de abdicar dos direitos constitucionais (Canotilho dixit), na maior das legitimidades, porque se trata de salvar "os dedos". Salários e pensões, para lá do estrito limiar da fome, parecem ser os "anéis".

Mas, como dizia Santo Agostinho, "Si ille cur non ego?" ( Se eles, por que não eu?) Mas, aqui, no sentido inverso. Se nós abdicamos do essencial, por que não abdicarão eles (os donos do casino) do supérfluo?

Felizmente que já vimos esses entrarem em pânico, mais de uma vez, e só sossegarem  depois de nos carregaram de impostos, como qualquer governador de província ao serviço do imperador estrangeiro.

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