Santo Agostinho |
"Ora
o direito dos seres vivos exprime-se hoje de duas maneiras: a segurança do
risco zero e o direito à felicidade."
(Fr.Jean-Michel Potin)
"Wishful thinking", sem dúvida. O que temos hoje é a insegurança e o
empobrecimento, e não creio que alguém se esteja a sentir "pobrete, mas
alegrete".
Que direito tem o judeu Shylock de
exigir do seu devedor, António, a celerada libra de carne, só porque o navio
deste foi ao fundo com todos os seus bens? Claro que se pode invocar um
"direito", mas nunca foi tão transparente a identidade deste com a força bruta ou a força
cega de um sistema.
Pelos vistos, nós vamos ter de abdicar
dos direitos constitucionais (Canotilho dixit), na maior das legitimidades,
porque se trata de salvar "os dedos". Salários e pensões, para lá do
estrito limiar da fome, parecem ser os "anéis".
Mas, como dizia Santo Agostinho,
"Si ille cur non ego?" ( Se
eles, por que não eu?) Mas, aqui, no sentido inverso. Se nós abdicamos do
essencial, por que não abdicarão eles (os donos do casino) do supérfluo?
Felizmente que já vimos esses entrarem
em pânico, mais de uma vez, e só sossegarem
depois de nos carregaram de impostos, como qualquer governador de
província ao serviço do imperador estrangeiro.
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