terça-feira, 11 de outubro de 2011

O SIMBÓLICO



"O terror contra o terror - isto já não é uma noção ideológica. Já fomos muito para além da ideologia e da política. A energia que alimenta o terror, nenhuma ideologia, nenhuma causa, nem sequer islâmica, a pode explicar. Os terroristas não têm na mira simplesmente a transformação do mundo. Tal como os heréticos de tempos idos, eles têm como objectivo radicalizar o mundo através do sacrifício, enquanto que o sistema visa convertê-lo em dinheiro, através da força."


"The mind of Terrorism" (Jean Baudrillard)




É estranha ao senso comum a ideia de que as forças antagonistas não se confrontem no terreno em que os 'media' "mostram" que elas se confrontam. Mas que terreno foi o da Guerra do Golfo e o da operação "Shock and Awe" ou o da implosão das "Twin Towers"?

Diz Baudrillard que "O Bem não pode vencer o Mal senão negando que seja o Bem, uma vez que monopolizar o poder global implica uma resposta de violência proporcional".

No Cristianismo, por exemplo, o triunfo do Bem não acontece neste mundo e pecamos "setenta vezes sete" enquanto vivemos. A geopolítica pode ser lida nestes termos, porque nela se invocam   igualmente  os princípios, as causas e as ideias e o confronto pode sempre ser reduzido a um dualismo moral.

O fim do mundo bipolar das duas super-potências criou um modelo do "Bem" (o do império mais consistente) sem o seu lógico reverso. Se um "Islão" puramente estrutural não se tivesse apresentado, teria de ser inventado.

Tudo isto parece ultrapassar as dicotomias da economia e da política, o domínio dos interesses ou das ideologias, como se o simbólico fosse o verdadeiro terreno da guerra.

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