"O
terror contra o terror - isto já não é uma noção ideológica. Já fomos muito
para além da ideologia e da política. A energia que alimenta o terror, nenhuma
ideologia, nenhuma causa, nem sequer islâmica, a pode explicar. Os terroristas
não têm na mira simplesmente a transformação do mundo. Tal como os heréticos de
tempos idos, eles têm como objectivo radicalizar o mundo através do sacrifício,
enquanto que o sistema visa convertê-lo em dinheiro, através da força."
"The mind of Terrorism" (Jean Baudrillard)
É estranha ao senso comum a ideia de
que as forças antagonistas não se confrontem no terreno em que os 'media'
"mostram" que elas se confrontam. Mas que terreno foi o da Guerra do
Golfo e o da operação "Shock and Awe"
ou o da implosão das "Twin Towers"?
Diz Baudrillard que "O Bem não pode vencer o Mal senão negando
que seja o Bem, uma vez que monopolizar o poder global implica uma resposta de
violência proporcional".
No Cristianismo, por exemplo, o
triunfo do Bem não acontece neste mundo e pecamos "setenta vezes
sete" enquanto vivemos. A geopolítica pode ser lida nestes termos, porque
nela se invocam igualmente os princípios, as causas e as ideias e o
confronto pode sempre ser reduzido a um dualismo moral.
O fim do mundo bipolar das duas
super-potências criou um modelo do "Bem" (o do império mais
consistente) sem o seu lógico reverso. Se um "Islão" puramente
estrutural não se tivesse apresentado, teria de ser inventado.
Tudo isto parece ultrapassar as dicotomias
da economia e da política, o domínio dos interesses ou das ideologias, como se
o simbólico fosse o verdadeiro terreno da guerra.
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