Francisco Goya |
"(...)
as grandes virtudes dos povos alemães engendraram mais males do que a
ociosidade alguma vez criou de vícios. Vimos, visto com os nossos próprios
olhos, o trabalho consciencioso, a mais sólida instrução, a disciplina e a
aplicação mais sérias, adaptadas a medonhos desígnios. Tantos horrores não
teriam sido possíveis sem tantas virtudes. Foi preciso, sem dúvida, muita
ciência para matar tantos homens, dissipar tantos bens, aniquilar tantas
cidades em tão pouco tempo; foram não menos necessárias qualidades
morais."
"La crise
de l'esprit" (Paul Valery)
Todos nós sabemos "que a cinza significa alguma coisa".
Tal como as vidas individuais, as obras de arte e as próprias pirâmides passam.
E, como diz Valéry, não é preciso o passado ensinar-nos essa realidade, porque,
realmente, vimos a nossa civilização quase soçobrar no século XX, não por obra dos mais atrasados e dos mais incultos,
mas por duma das nações mais civilizadas da Europa.
Já disse alguém que mesmo uma
sociedade de ladrões se deve reger por alguma justiça interna, por algumas
virtudes, para poder manter-se. É claro que se só há defeitos, ninguém é
enganado, mas também nada de positivo pode vir à luz do dia, e é como se tudo
empurrasse no sentido da queda final. Todos sabemos que as meias-verdades são,
de qualquer modo, uma homenagem à verdade. Com a mentira não se pode viver. É
preciso que, pelo menos alguns, acreditem na verdade. Porque o mundo não é
perfeito, as meias-verdades são o
"pão nosso de cada dia".
Houve um tempo em que os outros
europeus gostavam de caricaturar o povo alemão e, sobretudo, o seu gosto pela
"embriaguez romântica", de que a música de Wagner, segundo alguns, é
o paradigma.
Mas nas duas últimas guerras
mundiais, vimos o reverso da medalha:
porque "o sono da razão engendra
monstros".
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