Quíron, Aquiles, Peleu e Atenas |
"Hoje
nada
sei. Correm em mim os mortos, como água –
com
o murmúrio gelado da sua incalculável ausência."
"A colher
na boca" (Herberto Helder)
Incalculável ausência porque nenhuma
memória, nenhuma fidelidade ou culto algum são "reais" ou se passam
no que chamamos de Natureza.
Saul Bellow disse (em
"Ravelstein") que não se podia pensar em Deus, "sem trazer à baila os nossos mortos". E a verdade é que a "presença" divina é o
contraponto daquela ausência incalculável. Não temos melhor exemplo da
realidade do espírito do que o modo como somos afectados pelos mortos.
Sem esse mundo de "sombras",
que Aquiles trocava por viver a vida de um escravo, poderíamos medir tudo e
todas as distâncias. Porque esse seria apenas um mundo de coisas.
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