A presente crise está a fazer
compreender a todos o papel do crédito (e da banca) no nosso sistema.
Precisamos sempre do futuro nas nossas apostas e nos nossos empreendimentos, e
é aí que entram o capital (sem juízos morais) e o risco. Quando os bancos se limitam
ao seu papel de instrumento necessário duma economia sã, não é provável que se
financiem projectos inviáveis, nem que se empreste a quem não pode pagar. Como
os riscos são grandes, é o que eles estão a fazer neste momento, mas só depois
de, como diz Jim Stanford (Who's bailing whom? - challenging the private
credit-system), "A verdade pura e
simples é esta: os bancos privados têm o poder de criar dinheiro novo quando
emitem crédito alavancado. Eles usaram dum modo lamentável esse poder:
facilitando bolhas de activos em vez duma acumulação real do capital, e
sacudindo a economia com o pára-arranca do crédito em vez do estável apoio de
que precisamos."
A Banca teve, como é sabido, de ser
salva destes desvarios com o esforço dos contribuintes, mas estes não podem,
agora, esperar qualquer tipo de reconhecimento. Devem, pelo contrário,
esfarrapar-se para reconquistar a confiança deles.
Assim vai o mundo. Os que tinham as
alavancas do crédito fizeram dinheiro "com ar e vento" e injectaram
as veias da nossa economia com o estimulante perigoso do crédito fácil.
Drogaram-nos e não merecem mais benevolência dos que vendem estupefacientes à
porta das escolas. Agora que quase deitaram abaixo o salão de jogo, querem que
nos desintoxiquemos de um "dia para o outro".
E de que é que se têm de queixar os
contribuintes alemães (e outros) da "ajuda" à Grécia ou a Portugal? " Não é a Grécia e outros estados
fracos que estão a ser "salvos" (bailed out). São os bancos que
emprestaram dinheiro a esses países. Se fosse só o incumprimento da Grécia,
isso já teria acontecido há dois anos. É por temerem o colapso dos bancos em
França e na Alemanha e noutros lugares - causando o congelamento do crédito e a
depressão continental - que correm os altos funcionários tentando prevení-lo."
(ibidem)
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