domingo, 23 de outubro de 2011

MÁSCARAS

Marcus Licinius Crassus (115 AC – 53 AC)


"Num dia em que se perguntava a Crassus se ele concorreria ao consulado e que a ele não importava nada responder, disse uma bela frase: Sim, se isso for útil ao Estado. Se não, não."

(Paul Veyne)




É o célebre "If called, I will serve" de Richard Nixon. Entre o homem mais rico da Roma Antiga e o homem do "Watergate", a mesma necessidade de esconder a paixão particular a cada um sob o manto da retórica.

Na política, encontram-se as "máscaras" e não as pessoas, como tem de ser. Isso acontece porque desde o momento em que o homem assume uma parcela, por pequena que seja do poder, já não pertence a si próprio mas à necessidade política e social.

Nisso, a situação é semelhante a uma mudança de velocidade, em que aumenta o número de regras que condicionam o nosso comportamento. No automóvel, por exemplo, temos de ser muito diferentes porque passamos a encarnar uma força mecânica que se impõe aos protocolos da convivência.

Devia ser possível julgar a política pelas forças que a condicionam, mas as paixões são mais fortes. Por isso é de regra a máscara que protege o rosto humano, demasiado sensível e incapaz, sem se desfazer, de suportar tantas contradições

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