quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CONCLAVE SEM CHAVE

"Habemus Papam" (2011-Nanni Moretti)


O que é que acontece quando a ideia da liberdade individual moderna aparece no reino do sagrado, divergindo da "vontade" divina?

É o que acontece ao cardeal Melville, ao ser eleito papa pelo conclave dos seus colegas. Esse parece ser o desígnio de Deus, mas ele é que não se sente à altura, por muito que o tentem convencer, recorrendo aos argumentos da fé e até à psicanálise (frisando-se, no entanto, que a alma dos cristãos é incompatível com o inconsciente freudiano).

O papa eleito foge da varanda e da apresentação ao povo, para deambular pelas ruas, os teatros e os centros comerciais, à procura duma inspiração.

Quando é reconduzido ao Vaticano, surpreende tudo e todos   anunciando aos crentes reunidos na praça de S. Pedro, que não foi concerteza ele que Deus escolheu e que devem procurar um outro mais digno para papa. Humildade que é, na realidade, o sinal de um orgulho "satânico". Os cardeais estão conscientes da ruína iminente da Igreja, depois da sua "cabeça"  ter sido infiltrada pelas ideias modernas.

Nesta parábola, Moretti brinca com o cerimonial e põe os purpurados a jogar voleibol enquanto esperam que o papa chegue ao fim da sua meditação.

Mas, no essencial, o incidente, é tão verosímil, que podemos ter a certeza da eficácia de um plano B, o qual, Moretti, evidentemente, subestima. Se já houve, ao que se diz, uma papisa...



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