"Habemus Papam" (2011-Nanni Moretti) |
O que é que acontece quando a ideia da
liberdade individual moderna aparece no reino do sagrado, divergindo da
"vontade" divina?
É o que acontece ao cardeal Melville,
ao ser eleito papa pelo conclave dos seus colegas. Esse parece ser o desígnio
de Deus, mas ele é que não se sente à altura, por muito que o tentem convencer,
recorrendo aos argumentos da fé e até à psicanálise (frisando-se, no entanto,
que a alma dos cristãos é incompatível com o inconsciente freudiano).
O papa eleito foge da varanda e da
apresentação ao povo, para deambular pelas ruas, os teatros e os centros
comerciais, à procura duma inspiração.
Quando é reconduzido ao Vaticano,
surpreende tudo e todos anunciando aos crentes
reunidos na praça de S. Pedro, que não foi concerteza ele que Deus escolheu e
que devem procurar um outro mais digno para papa. Humildade que é, na realidade, o sinal
de um orgulho "satânico". Os cardeais estão conscientes da ruína
iminente da Igreja, depois da sua "cabeça" ter sido infiltrada pelas ideias modernas.
Nesta parábola, Moretti brinca com o
cerimonial e põe os purpurados a jogar voleibol enquanto esperam que o papa
chegue ao fim da sua meditação.
Mas, no essencial, o incidente, é tão
verosímil, que podemos ter a certeza da eficácia de um plano B, o qual, Moretti,
evidentemente, subestima. Se já houve, ao que se diz, uma papisa...
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