O Perseu de Cellini |
"(...)
onde há um monstro, há uma mulher, e onde há uma mulher, há Afrodite.
(Roberto
Calasso)
Outra forma de dizer o conhecido
aforismo de Shakespeare de que o horrível é belo e o belo é horrível. Ou o mito de Andrómeda e de Perseu. E é a ideia de
que o conhecimento da beleza passa por uma prova que começa por afastar a
aparência proteiforme. O herói tem de vencer-se a si próprio (vencendo o
próprio medo) para ser "purificado" e se tornar digno de contemplar a
beleza liberta do seu cativeiro. Claro que isto se parece aplicar mais ao feito
de Perseu do que à deusa do amor citada por Calasso. Mas talvez esta seja o
lado activo da mulher que se encontra presa à rocha. Ela é o prémio do perséiada
que a liberta, matando a serpente. No outro caso, é Afrodite que inspira no
amoroso a força de confrontar-se com o monstro.
Naturalmente, são mais os monstros
vencidos pela paixão do que os vencidos pelos "trabalhos" levados a
cabo em cumprimento duma sentença. E por isso, também, não se fala tanto deles.
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