sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A BELA E O MONSTRO

O Perseu de Cellini



"(...) onde há um monstro, há uma mulher, e onde há uma mulher, há Afrodite.


(Roberto Calasso)




Outra forma de dizer o conhecido aforismo de Shakespeare de que o horrível é belo e o belo é horrível. Ou  o mito de Andrómeda e de Perseu. E é a ideia de que o conhecimento da beleza passa por uma prova que começa por afastar a aparência proteiforme. O herói tem de vencer-se a si próprio (vencendo o próprio medo) para ser "purificado" e se tornar digno de contemplar a beleza liberta do seu cativeiro. Claro que isto se parece aplicar mais ao feito de Perseu do que à deusa do amor citada por Calasso. Mas talvez esta seja o lado activo da mulher que se encontra presa à rocha. Ela é o prémio do perséiada que a liberta, matando a serpente. No outro caso, é Afrodite que inspira no amoroso a força de confrontar-se com o monstro.

Naturalmente, são mais os monstros vencidos pela paixão do que os vencidos pelos "trabalhos" levados a cabo em cumprimento duma sentença. E por isso, também, não se fala tanto deles.
 

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