"A
ideia da impossibilidade faz soar um sinal de alarme na mente de muitos. Para
alguns, qualquer sugestão de que possam existir limites à compreensão humana do
Universo ou ao progresso científico é uma ideia perigosa que mina a confiança
no empreendimento científico. Igualmente acríticos são aqueles que
entusiasticamente abraçam qualquer sugestão de que a ciência possa ser
limitada, porquanto suspeitam os motivos e temem os perigos duma desenfreada
investigação do desconhecido."
"Impossibility-The limits of Science and the Science of
Limits" (John D. Barrow)
É certamente inesgotável o que podemos investigar e
"processar" cientificamente. Mas a ideia do Tudo e do Todo é muito
mais ambiciosa.
Desde sempre que as nossas tentativas de
explicação vão além dos problemas reais. Se fôssemos realmente pragmáticos, não
tínhamos que lançar as nossas redes tão alto e tão fora do nosso alcance. Mas
claro que não é essa a nossa percepção. Parece-nos que não há nada que não
possa ser alcançado (se nos portarmos bem), e a física teórica já não faz do
homem a medida de todas as coisas. Resta saber se a ciência especulativa pode
ter maior crédito do que a matemática.
Porque a totalidade é uma ideia da
nossa razão, não deixaremos de a encontrar em todas as teorias sobre o
Universo. Mas é a própria razão que nos alerta para a impossibilidade de
pensarmos o Universo real. Ele não pode ser mais objecto do nosso pensamento do
que Deus.
A atitude dos que querem parar a
investigação por ser a "caixa de Pandora" é, decerto, irracional. O
nosso futuro depende não só da investigação "justificada" pelos
problemas reais da humanidade, mas daquela outra que é motivada pelos falsos
problemas, isto é, a investigação que lida com o problema da impossibilidade.
"Deus escreve por linhas
tortas" quer dizer isso mesmo.
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