Máquina a vapor |
A ideia da Revolução divide o mundo
político (entre a moral de um antes e a moral de um depois) e o mundo real
(entre a "necessidade", o que
tem de ser por causa duma herança e dum contexto, e o desejo de utopia).
É mais que certo que a nossa percepção
do que é possível, o nosso sentido da realidade, se quisermos, varia de acordo
com as circunstâncias psico-sociais, permanecendo o mundo e a necessidade, em
tudo o resto, os mesmos. Daí que euforias e desânimos encontrem sempre o seu
antídoto na resistência das coisas. Depois de "assentar a poeira",
defrontamo-nos com os problemas de sempre, quando não os agravámos numa
reviravolta inesperada. Mas não há sabedoria que modere o nosso impulso de
mudar o mundo.
Se a Revolução (com maiúscula) nunca
tirou as asas dos pés para se juntar à nossa peregrinação terrena, podemos
vê-la ao trabalho, transformando realmente o mundo e suscitando a menor
desordem possível, numa criação nossa,
na verdade, no fogo roubado aos deuses por Prometeu: a
"tecnologia". É aí que somos
revolucionários, com um sucesso inequívoco. É graças à ciência e às suas
aplicações que resolvemos os problemas da humanidade (mesmo se criando outros
que pedem mais estudo e mais tecnologia). A máquina a vapor trouxe a riqueza e
o poder a algumas economias. Hoje, consideraríamos um regresso às trevas ter de
passar sem o computador.
Mas mesmo aqui, vamos de olhos
fechados. As consequências das nossas invenções são imprevisíveis, quando não
representam uma ameaça directa à nossa existência, por poderem ficar fora do
nosso controle, ou, quanto às suas implicações, para lá da nossa compreensão.
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