"A
paixão transforma a alteridade em subjectividade."
Michel Meyer
Musil diz algo de semelhante a
propósito daquelas ideias que podem até ser banais ou abstrusas, quando
contempladas fora do estado "interessante" da paixão, mas que, não se
sabe bem porquê, em determinados momentos da história colectiva ou dos grupos
humanos, suscitam uma total adesão intelectual, mas sobretudo sentimental,
abrindo às pessoas novos horizontes que se fecham tão rapidamente quanto se
abriram.
"Com efeito, o que distingue uma grande e perturbadora ideia de uma
ideia ordinária e absurda, é que ela se encontra numa espécie de estado de
fusão graças ao qual o Eu penetra em extensões infinitas, enquanto que,
reciprocamente, as extensões do mundo entram no Eu, de tal modo que se torna
impossível distinguir aquilo que nos pertence do que pertence ao infinito."
(Robert Musil, “O Homem Sem Qualidades”)
Apesar da desilusão obrigatória,
ninguém trocaria por nada esses momentos de esperança infundamentada.
Nesta altura em que o 25 de Abril
encontra a sua hora da verdade, é bom lembrar estas coisas.
1 comentários:
O Reino de Deus e a fascinação.
Maria Helena
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