sábado, 10 de setembro de 2011

A HORA DA VERDADE




"A paixão transforma a alteridade em subjectividade."

Michel Meyer



Musil diz algo de semelhante a propósito daquelas ideias que podem até ser banais ou abstrusas, quando contempladas fora do estado "interessante" da paixão, mas que, não se sabe bem porquê, em determinados momentos da história colectiva ou dos grupos humanos, suscitam uma total adesão intelectual, mas sobretudo sentimental, abrindo às pessoas novos horizontes que se fecham tão rapidamente quanto se abriram.

"Com efeito, o que distingue uma grande e perturbadora ideia de uma ideia ordinária e absurda, é que ela se encontra numa espécie de estado de fusão graças ao qual o Eu penetra em extensões infinitas, enquanto que, reciprocamente, as extensões do mundo entram no Eu, de tal modo que se torna impossível distinguir aquilo que nos pertence do que pertence ao infinito." (Robert Musil, “O Homem Sem Qualidades”)

Apesar da desilusão obrigatória, ninguém trocaria por nada esses momentos de esperança infundamentada.

Nesta altura em que o 25 de Abril encontra a sua hora da verdade, é bom lembrar estas coisas.

1 comentários:

Anónimo disse...

O Reino de Deus e a fascinação.

Maria Helena