quarta-feira, 28 de setembro de 2011

MEIA-NOITE VIRTUAL




Que tem de mal um divertimento? Um aspirante à grande literatura e admirador de Paris dos anos 20, com os seus cometas americanos Fitzgerald, Hemingway ou T.S. Eliot, à meia-noite, toma o mesmo misterioso carro amarelo para se encontrar com os génios do tempo. Dali e Buñuel compõem o ramalhete, e o jazz, com Josephine Baker.

Parece que Woody foi generosamente financiado pela França e o filme não pode ter desapontado os seus investidores. O turismo, tal como o conhecemos, pode estar a precisar de um novo fôlego. Paris é, sem dúvida, uma das mais belas cidades do mundo, mas os seus monumentos, os seus museus e as suas perspectivas começam a colar-se demasiado ao postal e ao "déjà vu". Com a recriação duma época gloriosa (e é só escolher, na história do país), abre-se um novo segmento do turismo que se aproxima muito do virtual. As possibilidades de viajar e de encontrar os vultos preferidos do passado são, assim, infinitas.

Não há quase nada de pessoal no filme, nem o famoso humor que não se pode transplantar. Nem a cena final do "cortem-lhe a cabeça" ou a moral de que temos é de viver no nosso tempo, o salva. Quanto ao resto, já tínhamos adivinhado as preferências literárias do realizador.

Não admira que ele  se tenha declarado disponível para filmar em qualquer cidade. É só aplicar a fórmula. O turismo agradece.

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