Que tem de mal um divertimento? Um
aspirante à grande literatura e admirador de Paris dos anos 20, com os seus
cometas americanos Fitzgerald, Hemingway ou T.S. Eliot, à meia-noite, toma o
mesmo misterioso carro amarelo para se encontrar com os génios do tempo. Dali e
Buñuel compõem o ramalhete, e o jazz, com Josephine Baker.
Parece que Woody foi generosamente
financiado pela França e o filme não pode ter desapontado os seus investidores.
O turismo, tal como o conhecemos, pode estar a precisar de um novo fôlego.
Paris é, sem dúvida, uma das mais belas cidades do mundo, mas os seus
monumentos, os seus museus e as suas perspectivas começam a colar-se demasiado
ao postal e ao "déjà vu".
Com a recriação duma época gloriosa (e é só escolher, na história do país),
abre-se um novo segmento do turismo que se aproxima muito do virtual. As
possibilidades de viajar e de encontrar os vultos preferidos do passado são,
assim, infinitas.
Não há quase nada de pessoal no filme,
nem o famoso humor que não se pode transplantar. Nem a cena final do
"cortem-lhe a cabeça" ou a moral de que temos é de viver no nosso
tempo, o salva. Quanto ao resto, já tínhamos adivinhado as preferências
literárias do realizador.
Não admira que ele se tenha declarado disponível para filmar em
qualquer cidade. É só aplicar a fórmula. O turismo agradece.
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