sexta-feira, 30 de setembro de 2011

TRANSMIGRAÇÃO




"Mas aqueles que obedeceram às regras da moralidade convencional, e, por natureza e hábito, praticaram as virtudes sociais e cívicas, passarão outra vez sob a forma daquelas espécies sociais e simpáticas tais como as abelhas, as vespas ou as formigas."


 Platão (citado por Ernst Cassirer)



A metempsicose, ou transmigração das almas, faz ainda algum sentido?

Este pensamento significa a repetição das paixões na vida seguinte, segundo o esquema apresentado por Platão na história de Er, o Panfílio. Graças ao esquecimento provocado pela água do Letes, as almas precipitam-se sobre o fardo a que corresponde o "animal" que melhor resume a sua paixão anterior.

Isto leva-nos a pensar que, tal como a ideia da Graça no Cristianismo, só uma intervenção divina nos pode afastar do nosso destino e fazer com que deixemos de penar no mesmo círculo inferior.

Como ninguém pode mudar radicalmente sem uma espécie de morte, a conversão religiosa (em que, naquela religião, precisamente "se morre para o mundo"), dá-nos talvez o melhor exemplo da metempsicose como um processo "nesta" vida, o que tornaria o mito mais do que actual.

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