sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ESCOLÁSTICAS

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“Mas neste século, na América talvez mais do que em qualquer outro lugar, as novas ciências sociais reuniram estatísticas e interpretaram-nas em normas, modas, medianas e médias. Vastas e novas acumulações de factos e de engenhosas aplicações da matemática aos dados sociais trouxeram novos padrões de generalização. Estes criaram uma desconfiança nos ideais, profunda e alicerçada nos ‘factos’.”

“The Image”   (Daniel Boorstin)


Poderemos ainda acordar deste outro “sono dogmático”, em que nos encerraram as novas teias da razão encadeada?

Passou o tempo em que estávamos certos porque tínhamos sido criados à imagem de Deus. A resposta estava no tempo anterior à Queda, quando éramos, naturalmente… o que éramos. Mas a ciência deu-nos um solo mais firme, baseado no consenso e na eficácia. Até ser destronada, quando deixar de ser validada pela aldeia dos especialistas, em face duma teoria mais eficaz, é ela que divide os factos dos não-factos e informa toda a nossa realidade.

Já não há visões do mundo porque a nova dogmática só reconhece o mundo dos factos construídos. Os ideais são argumentos a favor da liberdade de escolha, mais do que aspirações essenciais. E facilmente são considerados irracionais ou fanáticos religiosos os que pensam fora dos novos “padrões de generalização”.

Enfim, nada de novo nesta história. Ninguém disse que a técnica não nos traria a sua Idade Média. Uma Idade Média em que o imobilismo foi substituído pela velocidade.

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