"Será
você um luddista? Sabe de alguém que o seja? Alguém que esteja farto da
tecnologia e resista ao seu domínio sobre as nossas vidas quotidianas, mesmo se
de um modo discreto, evitando os computadores e os jogos de vídeo, o vaivém
diário do automóvel, ou o telemóvel?"
"Against Technology" (Steven E. Jones)
Ned Ludd foi um operário têxtil inglês
do início do século XIX que destruiu o seu tear, (segundo uns) num ataque de
fúria, tornando-se o símbolo duma luta emocional
e desesperada contra o progresso do maquinismo.
Assim postas as coisas, poder-se-ia
dizer que as gerações mais velhas são luddistas à sua maneira. E nas empresas
todos aqueles que "resistem à mudança" são potenciais luddistas, tudo
dependendo de estarem em condições de ceder a um ataque de fúria.
Mas, nos nossos tempos, está também
muito espalhado o medo da tecnologia se desenvolver contra nós. Começando por
ser um "prolongamento dos nossos órgãos", como diria McLuhan, a
bem-vinda prótese artificial para nos fazer descolar do planeta ou de condições
tidas como humilhantes, teme-se que sejamos nós um dia a prótese da nossa
criação. Isto, claro, já não é apenas emoção, embora toda uma vertente do
cinema moderno explore esse medo. E começou por ser literário um dos mitos mais
reveladores: Frankenstein.
Marx não teve qualquer simpatia pelos
"coup de tête" luddistas.
Ele julgava ter a chave do problema da dominação tecnológica. O poder, ao
substituir o objectivo do lucro pelo da satisfação das necessidades sociais,
encontraria o limite natural e racional para o desenvolvimento da tecnologia.
E, como desejo, este programa é
pacífico. Só se torna funesto quando o poder toma os desejos por realidade.
Nessa altura, os ataques de fúria são muito menos mortíferos.
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