Górgias (nasceu na Sicília, entre 485 e 480 a.C) |
“Tu, tu crês
que se deve ter por prática adquirir sempre mais. É porque esqueces a
geometria.”
Platão
("Górgias")
A
geometria não é outra coisa que a famosa medida, tão apreciada pelos Gregos. A
nossa moral tem, talvez, essa origem. Quando nos pedem para nos contermos,
frente a um despautério ou uma insolência, acenam-nos com a medida da terra. O
homem tem determinada proporção e não outra.
A
chamada sociedade de consumo, na sua aparente desmesura, é velha como a
existência dos ricos. Muita filosofia
sempre foi necessária para um rico "passar
pelo buraco da agulha". Como nem todos podem esquecer os limites do
seu orçamento, a sociedade de consumo é uma miragem para a maior parte das
pessoas que são comedidas por necessidade.
Mas a "geometria" tem vindo
a encolher como a "peau de chagrin"
do conto de Balzac. Com a exploração do infinitamente grande e do infinitamente
pequeno, com as transmissões à velocidade da luz e o nosso tempo real, como diz
Virilio, já não estando associado ao espaço terreno, mas à instantaneidade do
virtual, como podemos ser ainda geómetras? Seremos fatalmente expulsos da
Academia e da bem-aventurança platónica, sem nos tornarmos por isso
"desmesurados", porque ultrapassar a medida implica ainda uma medida.
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