“A
sua opinião era a de que nos encontramos embarcados hoje com toda a humanidade
numa espécie de expedição, e o orgulho exige de nós que respondamos ‘ainda não’
a toda a questão inútil e que conduzamos a nossa vida segundo princípios ‘ad interim’ permanecendo ao mesmo tempo
confiantes num fim que os que vierem depois de nós hão-de atingir.”
“O Homem Sem
Qualidades” (Robert Musil)
Será coisa do passado
essa confiança indefectível no futuro? De qualquer modo, era ela que animava os
apóstolos de todas as revoluções modernas, incluindo a americana que, como diz
Arendt, foi a única que vingou.
Já passámos, entretanto,
por momentos de grande desespero, culminando no gerado pela segunda guerra
mundial e pelo totalitarismo, o qual pela sua absoluta desumanidade parece dar
razão a Paul Célan que já não via como seria possível escrever poesia depois
disso.
A ideia do progresso
desde então é só para crentes, e a esperança que, apesar de tudo, nos faz viver
é contra todas as provas.
E é assim que deve
ser, porque toda a ideologia é estreita e ainda não nasceu o último profeta.
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