terça-feira, 13 de setembro de 2011

O CESTO


Léon Bloy (1846/1917)


“O reinado dos Bourbons "era, a bem dizer, uma ladeira assustadora que descia de Louis XIV e se dirigia, através de três reinados de lama, directamente ao cesto da guilhotina.”

(Léon Bloy;cit.Jean-François Galinier-Pallerola)



A imagem é tão forte, que estamos a ver aquela dinastia a escorregar até ao cesto. Sabemos que é pura retórica, se não lhe quisermos chamar poesia...

Não era o caso com Bloy, que escreveu cem anos depois do Terror, mas em momentos como esse, esta retórica é verdadeiramente assassina.

Reduzir o reinado dos últimos Bourbons a um movimento uniformemente acelerado e a uma sentença é dum simplismo característico dos homens de acção. O escritor católico não tinha essa desculpa porque não era um homem de acção, mas uma catapulta de palavras incendiárias (outra imagem que cai sob a mesma censura).

O cesto resume a política da monarquia do "Ancien Régime". Com isso se diz que ela teve o destino do "lixo" histórico, para além do rei ali ter deixado a cabeça.

Tudo isto é tão verdadeiro como, por exemplo, num género menos macabro, "A velhice do Padre Eterno" do nosso Junqueiro.


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