Léon Bloy (1846/1917) |
“O
reinado dos Bourbons "era, a bem dizer, uma ladeira assustadora que descia
de Louis XIV e se dirigia, através de três reinados de lama, directamente ao
cesto da guilhotina.”
(Léon Bloy;cit.Jean-François Galinier-Pallerola)
A imagem é tão forte, que estamos a
ver aquela dinastia a escorregar até ao cesto. Sabemos que é pura retórica, se
não lhe quisermos chamar poesia...
Não era o caso com Bloy, que escreveu cem
anos depois do Terror, mas em momentos como esse, esta retórica é
verdadeiramente assassina.
Reduzir o reinado dos últimos Bourbons
a um movimento uniformemente acelerado e a uma sentença é dum simplismo
característico dos homens de acção. O escritor católico não tinha essa desculpa
porque não era um homem de acção, mas uma catapulta de palavras incendiárias
(outra imagem que cai sob a mesma censura).
O cesto resume a política da monarquia
do "Ancien Régime". Com isso se diz que ela teve o destino do
"lixo" histórico, para além do rei ali ter deixado a cabeça.
Tudo isto é tão verdadeiro como, por
exemplo, num género menos macabro, "A velhice do Padre Eterno" do
nosso Junqueiro.
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