quinta-feira, 1 de setembro de 2011

TROCOS

Santo Agostinho (354/430)


“Onde quer que o significado literal da Escritura colidisse com uma informação científica de confiança, Agostinho insistia, o intérprete devia respeitar a integridade da ciência, caso contrário, lançaria o descrédito sobre a Escritura.”


“The case for God”  (Karen Armstrong)



Por aqui podemos ver a enorme influência da filosofia grega, porque, então, a ciência não tinha ainda verdadeiramente “descolado”.

Mas é, ao mesmo tempo, o sinal, por parte do Doutor da Igreja, duma crença muito forte nos limites da razão humana, mais de um milénio antes de Kant.

A atitude desses que lutam pelo significado literal até ao absurdo ( um absurdo histórico, naturalmente) parecem-se com aqueles avarentos multimilionários que não se podem separar dos trocos.

O sentido de algumas passagens bíblicas pode, assim, entrar em contradição com o resto do pensamento do crente que faça parte do nosso mundo. Esse “enclave” deverá, por isso, ser protegido como Freud diz que os traumas o são. E é mais uma causa de neurose.

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