by Andrea Costakazawa |
"E
o que tem graça é fundar-se nos elogios que dão os religiosos de uma religião e
cidade aos seus correligionários, como se estes houvessem dizer mal uns dos
outros, principalmente quando compõem para exaltar a religião 'como fazem
expressamente os nossos e, entre eles, o jesuíta Franco que só conta maravilhas
e milagres dos seus'".
(Verney, carta
de 1/1/1753)
Nem os correligionários, nem os
indiferentes. Dizer mal de tudo pode ser um desporto nacional, mas ainda assim
precisamos de alguém de quem dizer mal de tudo nos aproxime. O grupo predispõe
a uma espécie de crítica superficial e inútil para qualquer fim que não seja o
reforço do próprio grupo.
Mesmo quando nos esforçamos por ser
justos e imparciais raramente nos dispomos a fazer nosso o ponto de vista do
outro, nem que seja em tese, para o podermos compreender.
Quanto mais reconfortante não é
blindarmos a nossa razão com as paredes do colectivo e termos, assim, preto no
branco, o sinal de que são os outros que são facciosos!
Tire-se, porém, o cimento social e a
própria razão da crítica se perde. Os que já não querem saber da política, por
exemplo, também não sabem dizer mal.
Quem quiser ouvir a verdade deverá
procurar o homem sem família e sem amigos, nem correligionários...
Por isso se diz desse homem que é
"a voz que clama no deserto".
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