quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ENZIMAS E CORDELINHOS

Lord Acton (1834-1902)



“Para com as forças emergentes do dia, para a ideia que a poderia ter salvo, a ideia dum governo unindo as melhores propriedades da monarquia às melhores propriedades da república, ela não tinha simpatia nem compreensão. De qualquer modo, não estava casada com as máximas que fizeram a grandeza da sua raça, e a inimizade dos príncipes e dos emigrados salvou-a das paixões do velho regime. Condé falou dela como uma democrata.”

“Lectures on the French Revolution” (Lord Acton)




O espectro das opiniões políticas muda constantemente, mas é raro que as diferenças deixem de ser mantidas. Condé, um homem da nata aristocrática, considera Maria Antonieta uma inimiga política, uma democrata, nem mais nem menos.

O regime pode mudar de mãos e até de cor, mas, sob outras designações, observamos a mesma distância, como se as ideias fossem um simples pretexto para uma diferença mais fundamental.

É tarefa do sociólogo fazer a destrinça e mostrar como o sistema cria, até certo ponto, as posições “vazias”. O historiador, esse, deve representar-nos o drama, por assim dizer, no primeiro grau. É tão importante conhecer o enfatuamento romano dos jacobinos (a "enzima" que, nada tendo de material, põe o processo em andamento, como diz Musil), como as verdadeiras forças agindo por detrás das personagens “antigas”.

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