“’Ter
voz no capítulo’ é uma expressão do mais elementar e do mais eficaz
funcionamento democrático. Ao diluir as fraternidades particulares numa
fraternidade universal, mais ninguém pôde ter “voz no capítulo”, porque não
existe ‘capítulo universal’”
(Fr.
Jean-Michel Potin in “Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ou a impossibilidade
de ser filho”)
O ‘capítulo universal’
existe, mas a voz de cada um tornou-se estatística, o que é uma forma muito
mais moderna de apurar a vontade do colectivo do que, por exemplo, o “centralismo
democrático” teorizado no “Que fazer?” de Oulianov. Aqui, a discussão existe,
mas de célula para célula vai-se tornando cada vez mais abstracta. Pode-se “ter
voz no capítulo”, mas o partido tampouco é um capítulo universal, porque as
ideias alternativas se perdem pelo caminho. Enquanto que o voto na moderna
democracia faz abstracção de tudo o que torna o indivíduo social para fazer
apelo à consciência isolada.
Parece evidente que a
força deste regime está nos consensos que consegue gerar, os quais não são
necessariamente articulados em opiniões políticas.
Há, todavia, um facto
novo que pode pôr em causa esse consenso. É que um verdadeiro “capítulo
universal”é cada vez mais possível, graças às redes de comunicação.
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